terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Censurar nossos filhos ou culpar a escola?

Censurar nossos filhos ou culpar a escola?
Queremos formar pessoas melhores? Queremos cidadãos mais cultos? Queremos uma melhor Educação? Todas essas respostas devem ser afirmativas. Mas como vamos fazer isso se a Educação do Brasil é muito ruim, culpa dos governos e dos professores? Investindo em Educação, formando melhor os professores, claro, é a resposta mais fácil, mais simples e plausível. Só isso?
Será que só investindo em Educação teremos uma país mais culto. Infelizmente eu não acredito nisso. Enquanto nossas crianças e jovens ficarem vidrados na televisão assistindo programas que agridem a mente e a inteligência humana não haverá governo que vai resolver o problema da falta de cultura e Educação. Quais os programas preferidos da maioria das crianças e jovens? Perguntem a eles e ouvirão: Pânico na TV, Big Brother Brasil, Programa do Gugu, Melhor do Brasil, Zorra Total, SuperPop, Casos de Família entre outros.
Provavelmente quem está lendo este texto não tenha assistido a alguns desses programas. Pois eu os desafio: assistam, se conseguirem, façam um esforço e assistam e depois vejam se concordam comigo: são puras agressões a dignidade humana e a tentativa de se educar nossos alunos e filhos.
Incentivo ao uso do álcool, ao sexo irresponsável, à violência, ao preconceito (como na esmagadora maioria dos nossos programas de humor) estão visíveis na telinha. Em qualquer horário e na TV aberta. A televisão brasileira tem muita coisa boa, não estou generalizando, mas alguns programas realmente tem provocado a ira de quem acredita que a Educação possa salvar este país.
Ah, mas tem a programação infantil na Globo, no SBT, na Record, na Band. Tem, claro, os desenhos animados. Coisa boa ver nossos filhos encantados com os desenhos animados, educativos, divertidos. Mas, onde encontrá-los? Na TV aberta o que se vê são desenhos animados com puro culto à violência, ao levar vantagem em tudo, ao cometer ilegalidades. Será que é bom para as crianças ver isso? Claro que não! Depois nos queixamos da violência na escola, do bullying, do desrepeito...
Agora me digam, quanto tempo cada um de nós fica com nossos filhos? Quando tempo ficamos com nossos alunos? Quando tempo a televisão toma conta deles? Com certeza a telinha colorida atrai muito mais que nós. Óbvio, melhor ver o Pica-Pau ou o Ben10 do que ouvir o professor explicando a conjugação verbal.
Naturalmente a diversão e a informação, muito bem traduzida pela televisão são importantes à formação, mas é preciso fazer uma seleção do que nossos filhos estão assistindo. Já que há uma grande preocupação com a censura oficial que as famílias censurem o que seus filhos estão assistindo, ouvindo, teclando na internet.
Empurrar, depois, a culpa para a escola e para os professores é muito mais fácil, mas há de se ter consciência de que a pobreza cultural e o incentivo à má formação dos cidadãos estão infiltrados na nossa sociedade, nas mídias com as quais convivemos e nas relações sociais. É só prestarmos mais um pouquinho de atenção, refletirmos um pouco mais e não termos medo de nos incomodarmos. Desacomodemo-nos e interfiramos na vida daqueles que queremos ajudar a educar.

GABRIEL BARCELLOS NUNES
Licenciado em Letras e Especialista em Educação
* Professor das redes municipal e estadual em Piratini

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