segunda-feira, 24 de maio de 2010

EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO É PROFISSÃO, É AMOR, É DEDICAÇÃO, É LUTA, É CAUSA DE VIDA!

O VELÓRIO SEM MORTO

O velório sem morto
Já fazia mais de um mês que ninguém morria naquela pequena cidade do interior gaúcho. Pelo menos que se ficasse sabendo. Num repente o bocão – carro de som – invadiu as ruas centrais e periféricas com o derradeiro anúncio em som altíssimo:
- A família do sempre lembrado José Pedro de Alcântara convida pessoas de suas relações e amizades para os atos fúnebres de sepultamento deste ente querido, hoje, velório na Capela Municipal e enterro no cemitério, ás 16h.
- Olha menina! Morreu alguém! Quem será? – perguntou dona Maria, viúva de um militar que lá pelos seus 70 e poucos anos estava atenta em tudo que acontecia na cidade.
- Não sei minha vó – respondeu sua neta Maria Flor – mas deve ser alguém importante, até se assina “de Alcântara”.
Num minuto a velha viúva já estava pronta.
- Preciso consolar a família!
- Mas não é um pouco cedo minha vó?
- Nunca é cedo para a despedida de um ente querido – e saiu do seu velho casarão no centro da cidade para o cemitério, não muito longe dali.
Na casa das irmãs Dolores e Zulmira, solteironas que já beiravam os 50, as duas também se aprontavam.
- Precisamos nos despedir dele e dar os pêsames à família! Será que vai ter muita gente Dolores?
- Deve estar cheio minha irmã, vamos nos arrumar bem, afinal, não é todo dia que acontece uma morte por aqui!
Em seguida já estavam prontas para ir ao cemitério.
Na Câmara de Vereadores ocorria a sessão semanal e três vereadores de partidos tradicionais diferentes entraram com o mesmo pedido para ser votado: votos de pesar.
“O vereador solicita que seja aprovado voto de pesar pela perda irreparável do sempre lembrado José Pedro de Alcântara e que essa correspondência seja enviada a seus familiares.”
- Senhor presidente, um aparte, coloca aí que se não fosse o mal serviço oferecido pela Prefeitura ele ainda estaria entre nós! - disparou um vereador da oposição.
- “Disconcordo” excelentíssimo presidente, bota no voto que ele era um grande cidadão e amigo do município e que a Prefeitura sempre lhe apoiou.
Na Prefeitura, enquanto isso, o prefeito declarava luto oficial de três dias, pela perda irreparável do sempre lembrado José Pedro de Alcântara!
A Câmara parou a sessão, a Prefeitura encerrou o expediente, algumas lojas fecharam mais cedo, as escolas cancelaram às aulas e os barbeiros e cabeleireiras pararam de atender em massa – parecia até greve geral.
Todos para o cemitério! A viúva Maria – viúva do militar, há 5 anos, é bom que se diga – entrou chorando e lamentando a perda, enquanto procurava a família para consolar.
- Acho que a família não chegou! - observou um importante advogado.
- Dizem que está vindo de Porto Alegre – presumiu um conhecido barbeiro, do mais freqüentado salão.
Mais e mais gente chegava para o velório, enquanto o caixão estava fechado no centro da capela mortúaria.
- Maria, o pobre vai ser enterrado hoje? - indagou Dona Maricota, a primeira dama do município. - Meu marido Astolfo já está chegando, afinal é muito importante o prefeito vir para se despedir!
- Daqui a pouco é o enterro. A senhora já encontrou a família?
- Não sei, mas talvez seja aquela senhora ali. Está chorando desoladamente!
- Que nada, aquela é a Rosa Helena... o marido correu ela de casa, há dois dias.
- Mas por quê? Me conta Maria.
- Dizem que ela estava com o jardineiro. E já fazia um bom tempo!
- Bah – disse a primeira dama. - É uma descarada! - exclamou em seguida olhando para a mulher.
Já eram quase quatro da tarde – hora do anunciado enterro – e nada. O prefeito já tinha dado ordem para que o túmulo fosse preparado num privilegiado local do Cemitério Municipal. Só faltava a família para autorizar o enterro. E nada. Mais uma hora, mais duas.
Às sete da noite, todos os muitos presentes já estavam cansados de chorar, lacrimejar, soluçar, conversar, contar causos, tentar imaginar a história do morto – ou contar uma história qualquer, de uma pescaria que foram juntos -, quando o prefeito deu a ordem:
- Parece que a família não vem! Peguem o caixão e vamos sepultar este pobre homem. Como tantos outros de uma importância inigualável para a nossa sociedade... e blá, blá, blá... - mais de meia hora de discurso político, afinal era ano eleitoral.
O padre também veio para dar a extrema unção. Todos oraram. Ouviam-se choros por toda a parte.
E o caixão foi levado ao túmulo. Enterraram-no e fecharam a vala. Todos puderam então voltar em paz para suas casas e comentar tudo e todos que estavam no velório.
Atrás do muro do cemitério, Zeca, Luis Alberto e Marquinhos, que antes divertiam-se muito, agora estavam preocupados com o que acabara de acontecer. A brincadeira tinha dado certo demais.
- A idéia de botar o caixão ali foi tua!
- Mas quem mandou anunciar foi o Zeca!
- O nome foi tu quem inventou...
- Vamos esquecer isso – disse o sábio Luis Alberto, considerado o CDF da escola. - Todo mundo acha que essa pessoa morreu, só nós sabemos que não havia morto nenhum. Basta fazermos um pacto de silêncio! Levaremos essa história conosco pro resto da vida sem falar para ninguém!
Luis Alberto era o que tinha mais consciência da confusão em que estavam e mesmo com seus 11 anos, mesma idade dos amigos, previa que se alguém descobrisse podia causar muitos transtornos.
- Tudo bem, mas o papai até discursou e a mamãe estava toda de luto. Estou arrependido! - disse Marquinhos.
- Teu pai é o prefeito e fazer discurso é sempre bom pra ele, ainda mais que tem eleição e tua mãe pôde usar a roupa preta que estava guardada há meses.
Após muita discussão, eles decidiram oficilizar o pacto de silêncio! Até hoje ninguém foi buscar a Certidão de Óbito de José Pedro de Alcântara no cartório de registros, que se apressou em fazer o documento, mesmo sem ter a carteira de identidade e a certidão de nascimento do morto.
Gabriel Barcellos
- mais uma viagem de alguém que aprecia amontoar as palavras

O LOBO E O HOMEM

Lobisman - O lobo e o homem
O cão era preto e enorme. Tinha os pelos aparados, boca e dentes grandes, focinho pontiagudo. Era alto e não muito gordo. O homem não era grande. Tinha barba e cabelos aparados, um enorme nariz. Era baixo e magro. Andavam sempre juntos. O cão e o homem. O homem e o cão.
O nome do homem era... pois é, ninguém sabe. Chamavam-no apenas de homem ou “o homem do cão”. Dizem que o nome do cão era Lobis ou Lobo. Os dois juntos eram chamados de Lobisomem ou Lobisman. Eles viviam em Saint Lourdes, uma vilinha, que apesar de ficar no interior do Brasil era formada por pessoas vindas da Inglaterra – um dos poucos lugares com essa característica. Lobisomem em Inglês é Lobisman. Deve ser. Man – lê-se /men/ - é homem. Como neste lugar era uma mistura de línguas – Português e Inglês- cada um chamava de um jeito.
Pois bem, mas o que falar deles dois? Eram amigos, gostavam de passear, mas não conversavam com ninguém, só entre eles – o homem e o cão, ora, não pode? Aquele domingo de sol ardente do verão era dia de festa em Saint Lourdes, afinal, era o dia da santa (?). Tinha festa na pracinha do centro da vila. Um lugar cheio de adornos e cercado por casas que lembravam a Europa medieval.
Boa noite amigos e amigos de Saint Lourdes! Good evening friends of Saint Lourdes!
Anunciou o falador, biligüe, como tudo e todos em Saint Lourdes. Na entrada da vila duas placas: Bem vindo a Santa Lurdes e You are welcome to Saint Lourdes.
Pois é. Era ai que nossos amigos viviam. O homem e o cão. Lobis e ... ah, o homem não tem nome. Lobis e o homem. Pronto. Isso já basta. Afinal, apesar de todos conhecerem eles dois na vila, apenas o nome do canino era conhecido. Do homem não. Dizem que se chamava Man Stuart ou Homem da Silva. Lobis and man. Lobo e homem. Lobisomem. Lobisman. Calma! Ainda não é a hora de falarmos sobre isso.
Meu povo, é hora de festa em nossa vila. My people, today is party in Saint Lourds.
Mas então: tinha de tudo naquela festa. Doces, salgados, bebidas. Alguma coisa brasileira, mas a maior parte importada. De onde? Não, não é do Paraguai, nem da França. É da Inglaterra mesmo. A noite já se estendia e o povo dançava e cantava.
Dance friends! Good party! Saint Lourds!
Todos perceberam um detalhe até então esquecido. Era noite de lua cheia. E era sexta-feira. Ops... domingo. Não, confusão no calendário, era sexta-feira, o dia de Saint Lourds. Dia 13 só pra melhorar a festa.
What day is today?
Today is Friday. (parece diálogo de curso básico de Inglês! bah!)
Sexta-feira, 13, noite de lua cheia. Uhhhhhhhhhhh! - se apressou um engraçadinho morador, mais brasileiro do que todos ali, mas que conseguia entender alguma coisa da língua dos imigrantes.
Oh!!!!
It is horrible!
Horribo nada! É bonito.
Is it beautiful!?
Yes, it is beatiful!
É vamos fazer festa.
E depois daquela discussão bilingüe (ou trilingüe) todos foram para a festa. Pularam, cantaram e dançaram. Ah, isso eu já disse. My God... opa!... meu Deus, estou bem perdido nesse lugar. Então, todos avistam um vulto, aliás, dois vultos. Um de duas pernas e outro de quatro. Ou um de seis! A música pára. Tchan...tchan...tchan...tchan...
Lobis e o homem entram triunfante, sem olhar para os lados. A população curiosa os observa atentamente.
Good evening man!
Buenas noches – ah, o homem era paraguaio, mais uma informação sobre ele.
Au, au – latiu o cão em, ah, sei lá, acho que ele era o único que falava português de verdade. Creio que tenha latido na língua materna do país.
Num canto protegido da luz, o homem paraguaio e o cão brasileiro pararam e ficaram a observar a festa, a este momento parada. Era a primeira vez que o homem do cão e Lobis iam a um evento público.
Music, music! - gritava o falador. Ah, falador é quem fala!
Go dance Saint Lourds!
E a festa que naquele dia era a mais linda de todas já feita no povoado e que divertia muito àqueles monótonos moradores corria normalmente. Já era quase meia noite da sexta-feira, 13, com a lua cheia no meio do céu! Não custa lembrar!
Auuuuuuuuuuuuuuu! - uivou o cão. O relógio da praça, uma réplica daquele famoso de Londres, marcava dois para a meia noite.
Todos olharam para o lado onde vinha o uivo. Não viram o cão Lobis e não viram o homem, mas viram outra coisa.
My God! – gritaram os ingleses.
Meu God! - exclamaram os brasinheses.
Mio Dios! - disseram os... ah, não sei, alguém disse, devia ter outro paraguaio no meio.
Meu Deus! - falaram os...é, pensando bem, acho que ninguém falou, pois o que falava português era o cão e...pois é!
O que eles viram?
Não sei, eu não estava lá para saber!
Bye, bye! ... ops...
Adiós... ops...
Tchau! Ah, agora sim!
FIM
THE END
Gabriel Barcellos
- o texto é meu e como bom criador eu acho este um dos melhores que escrevo, mas também rabisco algumas outras coisas que vou ir publicando aqui...

sábado, 22 de maio de 2010

MATÉRIA DE JORNAL



Olívio dá posse ao novo presidente do PT de Piratini

O ex-governador do estado, Olívio Dutra foi uma das atrações da posse do novo presidente e do novo Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) de Piratini. Além dele, estiveram presentes no evento, realizado no dia 26 de março à noite, no Galpão de Rondas do 20 de Setembro CTG, o deputado estadual Dionilso Marcon, o secretário de Turismo de São Lourenço do Sul Zelmute Oliveira, o ex-prefeito de Bagé Luis Fernando Mainardi e o filho do deputado federal Adão Pretto(falecido ano passado) Edegar Pretto, todos pré-candidatos a deputado pelo PT.
O novo presidente da Executiva do PT de Piratini, Gabriel Barcellos Nunes recebeu o cargo do ex-presidente Ivair de Souza em um evento que reuniu um grande público, entre representantes de entidades sindicais, filiados e simpatizantes do partido, membros da comunidade e representantes de partidos políticos como o PSB (representado inclusive pelo vereador Juarez Farias) e o PR. No discurso de posse Nunes destacou a importância do trabalho em conjunto com o diretório e os filiados, assumindo o compromisso de representar o partido com ética e honestidade. Afirmou a importância deste ano, em que será realizada eleição para os governos e cargos legislativos estadual e federal e o rumo que o partido deve tomar na busca por espaços oficiais na comunidade de Piratini, frisando a necessidade da eleição de um vereador no próximo pleito municipal e a possibilidade de um projeto do partido no Executivo local.
Olívio Dutra frisou a importância dos Diretórios e Executivas municipais para o partido em todos os níveis, defendeu o governo Lula e a candidatura de Dilma Roussef, bem como, fez críticas ao atual governo do estado, comparando com obras de sua gestão (entre 1998 e 2002) e lembrando a importância da eleição de Tarso Genro no atual pleito. Também pediu que os gaúchos ajudem a reeleger o senador Paulo Paim e elejam deputados federais e estaduais do PT.

Novo Diretório Municipal do PT (2010- 2012):
Gabriel Barcellos Nunes, Loisival Saretto, Mariléia Leitzke, Magda Bosa, Lourenço de Souza, Adelar José Pretto, Adão Rene Soares, Cesar Roberto Demenech, José Auri Soares, Maria Madalena Marques, Oscar Vivian, Ivair de Souza, Selmar Cavalheiro, Marli R. De Souza, Osmar S. Lopes, Maria Elenara de Mattos, Angélica Barroso Panatiéri, Leonir de Oliveira e Seno Alceu Becker

Quem é o novo presidente?
Gabriel Barcellos Nunes é professor de Português e Inglês nas redes estadual e municipal em Piratini. Tem 24 anos, é filiado ao PT há sete. Filho de pequenos agricultores moradores no 2º distrito do município nasceu e foi criado em Piratini, onde vem construindo sua história política e social.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

"A ESCOLA"


“ Escola é...
o lugar onde se faz amigos
não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente,
cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
que não tem amizade a ninguém
nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar,
não é só trabalhar,
é também criar laços de amizade,
é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, é se ‘amarrar nela’!
Ora , é lógico...
numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se,
ser feliz."
Paulo Freire